A
Guerra Dos Travesseiros
Mil homens em camas,
Marchando fardados
As fardas, pijamas
De travesseiros, armados
Levantou-se nação contra nação
A guerra lançou seus rumores
O povo e os soldados em lençóis de berrantes cores
Gritando infâmias com travesseiros nas mãos
Nos jornais, na televisão
As mais horríveis cenas:
Campos imensos, com o chão,
Coberto de penas
À guerra, todos são convocados
E tudo que pensa, vira soldado
Até mulheres e crianças
Entram nessa sanguinária dança
Todos querem vencer
E a batalha se fia
Começa ao amanhecer
Termina ao fim do dia
Aliados e inimigos, ao fim da peleja
Juntos no bar, irão beber cerveja
Enquanto os soldados infantes
Bebem refrigerantes
Mas naquela noite
Uma nuvem negra pairou no céu
Todos no bar estão em silencio
E lá fora, um jornaleiro grita:
EXTRA! EXTRA!
INVENTARAM
A MORTE!!!
O Castelo de Vidro
Sete
dragões já matou
Sua espada
já bebeu o sangue de mil homens
À luz de
todas as luas já dormiu
Mas amou
apenas uma mulher
Pobre
cavaleiro das ilusões
Que tem a
lanterna do destino
O Pégaso
Dos Sonhos
E o
coração acorrentado
Foi
naquela montanha
Que viu
sua amada partir
E foi lá
Que
construiu o seu castelo
De que
servem muralhas de vidro?
Se todos
verão seu pranto!
De que
servem as asas da liberdade?
Se tens
medo de voar!
De que
adianta ser rei?
Num
castelo de fantasmas!
De que
vale um coração de ouro?
Se o ouro
não tem vida!
Triste
mendigo
Esmolando
piedade
Mas
piedade aos seus olhos
É a morte
Não se
esqueça
Quem ama é
eterno
Tu, que
amaste em segredo
Irá
chorar por todo o sempre
No castelo
de vidro
Ao lado de
um fantasma
Que nunca
mais poderá tocar
Maldito
seja você e sua covardia
Por matar
dois anjos
Pobre
cavaleiro
Mal sabia:
ELA O
AMAVA!!!
Ódio
ODEIO
conversa de parente
ODEIO
quando se fazem de doente
ODEIO
patricinha falando o que sente
ODEIO
pobre palitando o dente
ODEIO rico
se achando diferente
ODEIO
olhar indiferente
ODEIO
olhar carente
ODEIO
cabelo enroscado no pente
ODEIO
quando alguém mente
ODEIO Coca
Cola quente
ODEIO
qualquer porcaria que termine com caliente
ODEIO
indigente
ODEIO foto
de modelo sorridente
ODEIO
qualquer coisa que se invente
E acima de
tudo...
...ODEIO
gente!
O
Mendigo e O Resumo
Oh! Pobre
ser mendicante
Não sei o
que te deixas pensante
Bebeu um
trago embriagante
Tornou-se
um homem contrastante
Oh! Pobre
indigente
Não sei o
que sentes
Bebeu um
trago inocente
Tornou-se
um homem diferente
Oh! Pobre
pedinte
Não sei o
que te labirintes
Bebeu um
trago possuínte
Tornou-se
um homem neologinte
Oh! pobre
monte
Não sei o
que te desmonte
Bebeu um
trago na fonte
Tornou-se
um homem que afronte
Oh! Pobre
transeunte
Não sei o
que te pergunte
Bebeu um
trago defunte
Tornou-se
um homem que ajunte
Resumindo:
O mendigo
bebeu até morrer!
Pluma
O pombo e
a triste cena
Doma o ar
céu acima
Vai-se de
uma asa, sua pena
Ao letal
toque da ave de rapina
Voe,
pluma, sob azul colo
Vença a
morte e o tempo
Voando
livre ao vento
Ri do
pombo morto ao solo
Livre da
tirania alada
Dança a
bailarina no ar
Gargalha
alto e calada
Queima
branca chama no ar
Flutua
no vazio
Que a
noite velou
Deita,
enfim, na vil...
...terra à
que sua ave, tomou
Sina
A alegre
música dos mortos dançantes
Não se
ouve mais
Nuvens de
chuva rugem distantes
Seus
ventos, arautos, choram uivantes
A água
levará
E a nós
Que demos
às mãos
A culpa do
algoz
Só restam
remorsos vãos
E uma
fúnebre paz
E agora?
Ainda
nesta noite choverá
A chuva
vai limpar o chão conspurcado
Os mortos
não sepultados
O sangue
derramado
A morte
vai escorrer para o rio
O rio a
abandonará ao mar
E agora?
Poderemos,
algum dia, voltar a amar?
Se em
nosso coração pulsa um sangue frio
Já que o
sangue em meus olhos a chuva não lavará?
E agora?
Em breve o
sono virá
Na pobre
casa de alguém dessa gente
Meu corpo
pousará
Minha
alma, em busca do sonho indulgente
Nada
encontrará
Todas as
noites serei julgado
Todas as
noites serei condenado
Jamais
serei declarado inocente
Será?
Gostaria
ao menos de ver o pôr do sol outra vez
Mas já
está escuro
O belos
dias sob o céu azul
Só
encontrarei em minhas recordações
Pois
amanhã, o sol que nascer
Será
negro
Escurecerá
minha alma
Sob meu
novo olhar assassino
Sua
lúgubre luz tingirá tudo de sangue
E mesmo
que minhas mãos sejam boas
E minha
espada faça justiça
Jamais
trarei felicidade
Pois o fio
da lâmina não consegue dar carinho
Apenas
corta...
Corta...
CORTA!!!
DNA
O pulso da
selva bate no peito
Mosquitos
insones zunem em seus ouvidos
O animal
homem na selva perdido
O sangue é
a prova para ser aceito
Sangue...
Sangue...
Sanguessugas
fazem suas vísceras gemerem
Suas fezes
provam a força de um intestino
Diarréias
malditas aos vermes comerem
Suas
entranhas o fazem chorar como menino
Chorar...
Chorar...
Chorar não
salva a carne indefesa
Chorar faz
a alma despertar
Chorar vai
te fazer uma presa
E da fera,
a fome saciar
Pulso...
Pulso...
Seu corpo
está doente
Sua cabeça
vai ferver
Os insetos
tomam sua mente
O pulso
bate e te faz viver
Viver...
Viver...
Viver para
morrer?
Nascer e
ver sua carne de vermes tomada?
Viver nos
prova o que é o ser:
Somos
escravos de uma genética escada
Ser...
Ser...
Genético
barro animado
Na selva,
a carne putrefata
O grande
poder do civilizado
Não é
nada ante a ignorância da mata
Barro:
Do
barro...
...ao
barro
WANDER BLAESING
PROFESSOR DE HISTÓRIA