Quando
mergulha-se na palpável escuridão, pouco a pouco sua vista se disciplina e se
apura. Há mais luzeiros em meio às trevas do que se pode imaginar.
*
Siga
sua jornada, sendo esta contra ou à favor do Sol.
Seja,
a partir das suas robustas intuições, sua própria existência.
Assuma,
por mais vergonhosas, torpes e momentâneas que sejam, suas verdades.
Convicte-se delas!
A
estas, deves complacência, fidelidade e respeito.
Respeite
a ti mesmo, como um veleiro o faz com o mar, riscando-lhe as crinas quando o
vento lhe aprouver tal façanha.
Pare,
inspire seu espírito. Reflita em sua essência. E siga, corajosamente, à guerra
que optou apropriar-se por sua.
Fracasse
convicto de sua honra.
Glorifique-se
singelamente à sua modéstia.
Ame,
na intensidade, profundidade e entrega de uma criança.
Não
corrompas a ti mesmo com meras e momentâneas feridas emocionais. Elas não são
dignas de você!
Se te esmoreces, entregastes o que há de mais precioso não ao
que amaste, mas ao sofrimento.
*
O
problema dos devoradores de livros é quando eles continuam sendo medíocres
reprodutores daquilo que leem, não permitindo-se um afastamento, uma leitura
feita de fora pra dentro. Regurgitam sem digerir. Engolem sem mastigar. Contam
livros e não suas histórias. Não pensam.
*
Sejas
tu o espaço e o tempo que és. No presente, no passado, no futuro, e no seu fim.
Mas não se iluda pensando que enquanto és, serás no estar tão somente. Ser vai
muito além do que o cosmos nos permite compreender.
*
Qualquer
ideologia econômico-política pode ser considerada de sucesso, se o humano fosse
suficientemente bom e de bem.
*
Relacionamento
é igual tênis de cadarço. Enquanto se está nele, sempre tem que amarrar o laço
de novo.
*
Quanto
mais perto da morte, tanto mais perto da vida se está. A humanidade precisa
constantemente ser relembrada dela para que viva mais intensamente, ame mais
profundamente, seja mais plenamente. E que as mortes sejam sempre assim,
vivificadoras dos que ainda vivem.
*
De
sentimentos intensos e expressão discreta,
mal
todos ao seu redor são capazes de imaginar
a
imensidão de um coração apertado,
a
maturidade em um doce menino.
Mas
será digno de credibilidade e confiança,
a
peripécia de sentimentos tão puros e diretos?
Sem
se proibir, além de te-los vivos,
não
se impede de traduzi-los aos demais.
Será
que, tão jovem, já sabe da vida?
Já
sabe do amor? Já sabe da dor?
Já
sabe que ele existe, e está a seu dispor.
E
sabe do que dói.
E
da dor extraiu couraças,
fez-se
mais forte, fez-se menino-homem.
das
ausências, extraiu perdão.
sabe
que humano é mau, seja ele como for.
E
mesmo sabendo, decide soar seu amor,
e
ressoar os sinos dos cumes e montes,
e
cortar-se de si, e cortá-la de si,
sem
nem saber se também é amado.
E
quando o tempo é apressado igual menino,
deixa
para o futuro um presente que não volta.
E quando
o tempo é largado igual velha,
deixa
para o passado o que deveria ter vivido.
E
tudo vira um pretérito mais que imperfeito.
*
Karin Stahlke
Psicóloga
CRP12/10200
Professora de Sociologia/ Filosofia/ Psicologia
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