sexta-feira, 19 de setembro de 2014

ESCRITOR HB


A Guerra Dos Travesseiros
Mil homens em camas,
Marchando fardados
As fardas, pijamas
De travesseiros, armados

Levantou-se nação contra nação
A guerra lançou seus rumores
O povo e os soldados em lençóis de berrantes cores
Gritando infâmias com travesseiros nas mãos

Nos jornais, na televisão
As mais horríveis cenas:
Campos imensos, com o chão,
Coberto de penas

À guerra, todos são convocados
E tudo que pensa, vira soldado
Até mulheres e crianças
Entram nessa sanguinária dança

Todos querem vencer
E a batalha se fia
Começa ao amanhecer
Termina ao fim do dia

Aliados e inimigos, ao fim da peleja
Juntos no bar, irão beber cerveja
Enquanto os soldados infantes
Bebem refrigerantes

Mas naquela noite
Uma nuvem negra pairou no céu
Todos no bar estão em silencio
E lá fora, um jornaleiro grita:
EXTRA! EXTRA!
INVENTARAM A MORTE!!!



O Castelo de Vidro
Sete dragões já matou
Sua espada já bebeu o sangue de mil homens
À luz de todas as luas já dormiu
Mas amou apenas uma mulher
Pobre cavaleiro das ilusões
Que tem a lanterna do destino
O Pégaso Dos Sonhos
E o coração acorrentado
Foi naquela montanha
Que viu sua amada partir
E foi lá
Que construiu o seu castelo
De que servem muralhas de vidro?
Se todos verão seu pranto!
De que servem as asas da liberdade?
Se tens medo de voar!
De que adianta ser rei?
Num castelo de fantasmas!
De que vale um coração de ouro?
Se o ouro não tem vida!
Triste mendigo
Esmolando piedade
Mas piedade aos seus olhos
É a morte
Não se esqueça
Quem ama é eterno
Tu, que amaste em segredo
Irá chorar por todo o sempre
No castelo de vidro
Ao lado de um fantasma
Que nunca mais poderá tocar
Maldito seja você e sua covardia
Por matar dois anjos
Pobre cavaleiro
Mal sabia:
ELA O AMAVA!!!


Ódio
ODEIO conversa de parente
ODEIO quando se fazem de doente
ODEIO patricinha falando o que sente
ODEIO pobre palitando o dente
ODEIO rico se achando diferente
ODEIO olhar indiferente
ODEIO olhar carente
ODEIO cabelo enroscado no pente
ODEIO quando alguém mente
ODEIO Coca Cola quente
ODEIO qualquer porcaria que termine com caliente
ODEIO indigente
ODEIO foto de modelo sorridente
ODEIO qualquer coisa que se invente
E acima de tudo...
...ODEIO gente!



O Mendigo e O Resumo
Oh! Pobre ser mendicante
Não sei o que te deixas pensante
Bebeu um trago embriagante
Tornou-se um homem contrastante

Oh! Pobre indigente
Não sei o que sentes
Bebeu um trago inocente
Tornou-se um homem diferente

Oh! Pobre pedinte
Não sei o que te labirintes
Bebeu um trago possuínte
Tornou-se um homem neologinte

Oh! pobre monte
Não sei o que te desmonte
Bebeu um trago na fonte
Tornou-se um homem que afronte

Oh! Pobre transeunte
Não sei o que te pergunte
Bebeu um trago defunte
Tornou-se um homem que ajunte

Resumindo:
O mendigo bebeu até morrer!


Pluma
O pombo e a triste cena
Doma o ar céu acima
Vai-se de uma asa, sua pena
Ao letal toque da ave de rapina

Voe, pluma, sob azul colo
Vença a morte e o tempo
Voando livre ao vento
Ri do pombo morto ao solo

Livre da tirania alada
Dança a bailarina no ar
Gargalha alto e calada
Queima branca chama no ar

Flutua no vazio
Que a noite velou
Deita, enfim, na vil...
...terra à que sua ave, tomou


Sina
A alegre música dos mortos dançantes
Não se ouve mais
Nuvens de chuva rugem distantes
Seus ventos, arautos, choram uivantes

A água levará
E a nós
Que demos às mãos
A culpa do algoz
Só restam remorsos vãos
E uma fúnebre paz

E agora?
Ainda nesta noite choverá
A chuva vai limpar o chão conspurcado
Os mortos não sepultados
O sangue derramado
A morte vai escorrer para o rio
O rio a abandonará ao mar

E agora?
Poderemos, algum dia, voltar a amar?
Se em nosso coração pulsa um sangue frio
Já que o sangue em meus olhos a chuva não lavará?

E agora?
Em breve o sono virá
Na pobre casa de alguém dessa gente
Meu corpo pousará
Minha alma, em busca do sonho indulgente
Nada encontrará
Todas as noites serei julgado
Todas as noites serei condenado
Jamais serei declarado inocente
Será?

Gostaria ao menos de ver o pôr do sol outra vez
Mas já está escuro
O belos dias sob o céu azul
Só encontrarei em minhas recordações
Pois amanhã, o sol que nascer
Será negro
Escurecerá minha alma

Sob meu novo olhar assassino
Sua lúgubre luz tingirá tudo de sangue
E mesmo que minhas mãos sejam boas
E minha espada faça justiça
Jamais trarei felicidade
Pois o fio da lâmina não consegue dar carinho
Apenas corta...
Corta...
CORTA!!!


DNA
O pulso da selva bate no peito
Mosquitos insones zunem em seus ouvidos
O animal homem na selva perdido
O sangue é a prova para ser aceito

Sangue...

Sangue...

Sanguessugas fazem suas vísceras gemerem
Suas fezes provam a força de um intestino
Diarréias malditas aos vermes comerem
Suas entranhas o fazem chorar como menino

Chorar...

Chorar...

Chorar não salva a carne indefesa
Chorar faz a alma despertar
Chorar vai te fazer uma presa
E da fera, a fome saciar

Pulso...

Pulso...

Seu corpo está doente
Sua cabeça vai ferver
Os insetos tomam sua mente
O pulso bate e te faz viver

Viver...

Viver...

Viver para morrer?
Nascer e ver sua carne de vermes tomada?
Viver nos prova o que é o ser:
Somos escravos de uma genética escada

Ser...

Ser...

Genético barro animado
Na selva, a carne putrefata
O grande poder do civilizado
Não é nada ante a ignorância da mata

Barro:

Do barro...
...ao barro



WANDER BLAESING
PROFESSOR DE HISTÓRIA






Nenhum comentário: